Como age a cocaína

Como age a cocaína

Por isso, não compartilho a ideia de que maconha seja uma droga leve. Ronaldo Laranjeira – Essa é a essência da dependência química de uma droga. Primeiro aparece o efeito prazeroso e, depois, o desprazer. Seu efeito de excitação e de prazer é imediato, ocorre em poucos segundos.

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Assim, as doses utilizadas antes já não têm mais efeito, fazendo que a pessoa comece a aumentar a quantidade consumida do entorpecente. Como resultado desse aumento, o risco de a pessoa sofrer uma overdose em busca de um efeito mais duradouro acaba subindo, colocando a vida do usuário em perigo. A produção deficitária de serotonina resultante do uso crônico também se instala no lobo pré-frontal, área do cérebro que modula a flexibilidade, a seleção e a iniciação das ações, a tomada de decisões e a avaliação dos erros e acertos. Quanto antes o usuários de drogas  puder receber apoio e tratamento, melhor, já que as áreas cerebrais não foram tão afetadas e há como, os resultados positivos serem alcançados mais rapidamente. Algumas mudanças no córtex pré-frontal também são diagnosticadas – região que fica responsável pela tomada de decisões e das inibições.

Como as drogas atuam no sistema nervoso central da pessoa?

Ronaldo Laranjeira – Também é uma exceção encontrá-lo nas pessoas que procuram tratamento nos consultórios ou clínicas. No entanto, o seu uso frequente faz com que a absorção da droga seja prejudicada pela vasoconstrição nasal, uma vez que os vasos do nariz acabam sendo lesados. O conhecimento desses fatos é importante para orientar as relações quer familiares quer de profissionais que lidam com os usuários de cocaína. “Isso nos mostra um possível mecanismo ligando o consumo de drogas à busca por mais drogas.” Os cientistas investigaram nas cobaias o surgimento de pequenas estruturas nas células do cérebro chamadas espinhas dendríticas, que têm relação profunda com a formação das memórias.

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Se não existisse, não seria possível explicar tal comportamento. Ronaldo Laranjeira – Na primeira metade da década de 1980, era grande o número de usuários de cocaína por via endovenosa. É permitida a republicação desta reportagem em meios digitais de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. É obrigatório o cumprimento da Política de Republicação Digital de Conteúdo de Pesquisa FAPESP, aqui especificada. Em resumo, o texto não deve ser editado e a autoria deve ser atribuída, assim como a fonte (Pesquisa FAPESP).

Como fica o cérebro de um usuário de drogas?

Isso significa diminuir a capacidade intelectual, muitas vezes, de maneira irreversível. Além disso, quanto mais desconforto a ausência da droga causa, maior o risco de desenvolver dependência. Ainda que os resultados sejam distintos, todas elas utilizam o sistema de recompensa do cérebro – daí a vontade cada vez maior de repetir a dose.

As áreas mais afetadas do cérebro são as áreas que lidam com a memória, a cognição e a aprendizagem. Um químico chamado adenosina acumula-se lentamente no cérebro quando estamos acordados. Esta substância clínica de recuperação liga-se a receptores que desaceleram a atividade cerebral. A cafeína possui uma estrutura parecida com a da adenosina. Ela percorre a corrente sanguínea até o cérebro e compete por espaço com a adenosina.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente atendimento ambulatorial, terapia, tratamento medicamentoso e internação, se necessário. Há ainda profissionais capacitados para acompanhamento durante a desintoxicação e ajuda com questões de moradia. No entanto, a dopamina também percorre outros caminhos e chega ao córtex pré-frontal, o centro racional, que avisa quando você já tomou sorvete o suficiente. Em geral, comer é prazeroso até termos a sensação de saciedade, que indica que o corpo já recebeu o que queria ou precisava. É por isso que, embora exista, a compulsão por comida ou por sexo é mais rara. As drogas afetam o sistema de recompensa do cérebro, área responsável por receber os estímulos de prazer e transmitir a sensação ao resto do corpo.

É quase um quadro semelhante ao da esquizofrenia paranoide. Dura algumas horas, eventualmente poucos dias e depois tende a desaparecer, mas é sinal indiscutível de que houve uma mudança importante da química cerebral. O paciente recebeu medicamentos para a redução da inflamação cerebral, além de um tratamento de fortalecimento de seu sistema imunológico. Com isso, houve a recuperação progressiva da substância branca do cérebro. De acordo com os responsáveis pelo caso, o paciente também passou por um período de reabilitação para tratar o seu vício.

Por último, deve-se avaliar seu desempenho nas atividades cotidianas. É o caso do bom aluno até os 13 anos, que foi perdendo o interesse pela escola e não reage mesmo diante da ameaça de perder o ano. Ronaldo Laranjeira – Na verdade, maconha é a primeira droga ilícita que a pessoa consome, mas antes disso, em geral, já experimentou o álcool e o cigarro. Já não se discute mais que, quanto mais cedo o adolescente entrar em contato com a droga, maior será a probabilidade de “escalar”, isto é, de partir para outras drogas ou intensificar o uso da maconha. É muito difícil prever quem vai ou não embarcar nesse processo. Sabe-se, porém, que quantos mais amigos envolvidos com drogas ele tiver, maior risco correrá do uso tornar-se crônico.

E, claro, tomar aquela cerveja no final do expediente também aumenta os níveis de dopamina, permitindo que o cérebro se sinta bem relaxado. Já o álcool, a nicotina, a cocaína e outras drogas que geram dependência com mais facilidade agilizam esse caminho e liberam a sensação de prazer quase imediata no corpo, em troca de um esforço mínimo. A nicotina, por exemplo, chega ao cérebro entre 7 e 19 segundos, liberando substâncias químicas que provocam relaxamento e bem-estar. A cocaína injetável tem efeito praticamente instantâneo, porque entra direto na corrente sanguínea.